Na minha família é assim: quando todos estão em paz, convivendo pacificamente, um gaiato levanta a mão e diz: “tá tudo muito calmo; vamos criar um probleminha? “E aí começa a confusão, brigas e muita conversinha. A maioria é adepta daquela máxima: quanto pior, melhor.
A guerra familiar é assim. Começa do nada. Conflitos conhecidos são fichinhas perto do que ocorre na família Mendestralha. E olha que a família não é tão grande. Mas a língua de alguns integrantes precisa de uma carreta para transportar.
O que me deixa intrigado é que são pessoas de cultura elevada e as mulheres geralmente possuem três cursos superiores em média. Portanto a questão não é cultural. O problema foge de uma simples análise. É mais complexo do que parece.
Acho mesmo que a questão é melindrosa e tenha começado por nossos ancestrais. Por parte de meu pai, com os parentes em Portugal. De minha parte de minha mãe com os parentes na Itália. A briga familiar dos Mendestralha já foi objeto de estudo e debate na Universidade de Yale. Sem contar que foi tese de estudantes da Universidade de Coimbra. É um tema de suma importância no mundo. Henry Kissinger morreu sem desvendar o mistério que envolve a paz de membros da família.
É aquela velha história de conflito familiar. Cada um quer ser melhor do que o outro. A falta de modéstia se sobressai em todos os membros. A arrogância em alguns também. E tem os sábios que querem reinventar a roda.
Mas a coisa mais intrigante de toda a aresta familiar, é que o casal Clovis e Camila, nunca se envolveram nestas questões mundanas. Assim pode se afirmar que ficaram acima do bem e do mal. E deixaram a raia miúda entregue a própria sorte.
Dom Pancho de La Fontaine, conhecido historiador, foi o que melhor definiu a questão. São todos uma cambada de bobos e idiotas. Dom Quixote, o cavaleiro errante se absteve de dar opinião. Um sábio. Ficou calado.
Poderia ser uma família comum e feliz. Mas o ego egoísta falou mais alto. Coisas do ser humano que ainda não entendeu que o paraíso é aqui, neste planeta abençoado por Deus. E viva o livre arbítrio. Faça da vida o que quiser, mas depois não venha com arrependimento, com a carinha de “Madalena arrependida”. Assuma. Mata a cobra e mostra o pau. Quem entendeu, parabéns. Quem não entendeu siga o Raul: “as vezes você me pergunta, por que sou tão calado, não falo de amor quase nada, nem fico sorrindo ao seu lado”.
(*) Jornalista